Como a Cabeça Fria Decide um Jogo: O Papel da Psicologia no Futebol

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A psicologia do esporte tem ganhado cada vez mais espaço no futebol e em outras modalidades esportivas, mostrando que o desempenho dos atletas vai muito além do físico e da técnica.

Neste estudo detalhado, veremos em profundidade esse tema instigante, com as contribuições de dois renomados especialistas: Andréa Pesca, doutora em Psicologia e presidente da Associação Brasileira de Estudos em Psicologia do Esporte e do Exercício (ABPEX), e André Locce, cientista do esporte formado pela Unicamp.

Juntos, eles compartilham suas experiências, conceitos e a importância da psicologia no desenvolvimento integral dos atletas e profissionais do esporte.

O que é a ABPEX e sua relevância no cenário da Psicologia do Esporte

A Associação Brasileira de Estudos em Psicologia do Esporte e do Exercício (ABPEX) é uma entidade fundamental para o desenvolvimento e aprimoramento da psicologia aplicada ao esporte no Brasil e na América do Sul. Fundada oficialmente em 2015, a ABPEX tem raízes na antiga Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte e do Exercício (SOCAP), criada em 1979, que já contava com grandes nomes na área.

Andréa Pesca, que preside a associação desde 2020, destaca que a ABPEX não apenas promove a ciência da psicologia do esporte, mas também integra profissionais de diversas áreas, como psicólogos clínicos, educadores físicos, fisioterapeutas e nutricionistas. Isso demonstra o caráter interdisciplinar e colaborativo indispensável para o avanço da psicologia esportiva.

Entre as principais iniciativas da ABPEX, destaca-se o Congresso Brasileiro e Internacional de Psicologia do Esporte e do Exercício (COMIP), que já alcançou sua 20ª edição em âmbito nacional e a 13ª em nível internacional. Este congresso é uma oportunidade única para profissionais, estudantes e interessados se atualizarem, trocarem experiências e aprofundarem conhecimentos na área.

Psicologia do esporte x Psicologia no esporte: entenda as divergências

É importante diferenciar dois conceitos que muitas vezes são confundidos: psicologia do esporte e psicologia no esporte.

  • Psicologia do esporte refere-se à aplicação da psicologia dentro do ambiente esportivo, seja em clubes, academias ou instituições esportivas. Ela engloba tanto o trabalho com atletas profissionais quanto com praticantes de atividades físicas, focando em aspectos como desempenho, motivação, controle emocional, entre outros.
  • Psicologia no esporte vai além do ambiente esportivo e inclui o atendimento clínico a atletas, trabalhando questões emocionais, cognitivas e de saúde mental que podem influenciar o desempenho, mas também a vida pessoal desses indivíduos.

Andréa Pesca explica que a psicologia do exercício — uma vertente da psicologia do esporte — tem atuação direta em ambientes como academias, contribuindo para a motivação e continuidade da prática física, além de auxiliar na reabilitação pós-cirúrgica e no enfrentamento de transtornos alimentares, ansiedade e depressão. Já a psicologia da performance pode abranger até mesmo áreas fora do esporte, como concursos públicos e vestibulares, onde o foco é o desenvolvimento do desempenho máximo do indivíduo.

A interdisciplinaridade na psicologia do esporte e seu impacto no futebol

O futebol, por sua complexidade e exigência física e mental, é um campo privilegiado para a aplicação da psicologia do esporte. André Locce, com sua formação em ciência do esporte pela Unicamp, destaca a importância de compreender a psicologia não apenas como um campo isolado, mas integrada às outras ciências do esporte, como fisiologia, biomecânica e pedagogia.

Para ele, o treinador e o preparador físico, por exemplo, precisam ter conhecimentos básicos de psicologia para entender melhor seus atletas e aplicar técnicas que melhorem a tomada de decisão, a concentração, o domínio da impulsividade e a agilidade de resposta — elementos cruciais para o desempenho eficaz durante a partida.

Essa integração é fundamental para que o trabalho com o atleta seja mais completo e eficiente. André Locce conta que sua própria trajetória começou com a busca por entender melhor a mente dos atletas, o que o levou a estudar psicologia e a aplicar esses conhecimentos em treinamentos físicos personalizados.

O desafio da aceitação da psicologia no futebol

Apesar dos avanços, a psicologia ainda enfrenta resistência no futebol, especialmente no futebol profissional. Muitas vezes, profissionais da área são vistos apenas como “bombeiros”, chamados para apagar incêndios em momentos de crise, ou são confundidos com palestrantes motivacionais, o que não representa a verdadeira função do psicólogo do esporte.

Andréa Pesca relembra sua entrada no futebol em 1999, quando precisou lidar com o preconceito e a resistência, inclusive por ser mulher em um ambiente predominantemente masculino. Ela destaca que a psicologia não é apenas para “loucos”, mas sim para todos, pois trata da saúde mental, emocional e cognitiva dos atletas.

Hoje, muitos clubes da Série A e B do Campeonato Brasileiro já contam com profissionais de psicologia nas categorias de base, mas a presença no futebol profissional ainda é instável, dependendo muitas vezes da aceitação do técnico e da diretoria. Alguns técnicos veem a psicologia como uma ameaça à sua liderança, o que dificulta a permanência desses profissionais na comissão técnica.

André Locce complementa que a falta de compreensão sobre o papel do psicólogo limita o investimento nessa área. Ele ressalta que a psicologia do esporte não é apenas sobre emoções, mas também sobre aspectos cognitivos e comportamentais que impactam diretamente na performance esportiva.

Exemplos práticos e benefícios da psicologia no futebol

O trabalho conjunto entre psicólogos e preparadores físicos pode gerar resultados significativos. Andréa Pesca compartilha um exemplo de um atleta que sofria com expulsões frequentes devido à ansiedade. A aplicação de técnicas como relaxamento, visualizações e respiração ajudou a controlar o comportamento do jogador, que conseguiu se estabilizar no time profissional.

Outro ponto importante é o papel do treinador como modelo para os atletas. Comportamentos agressivos ou inadequados do técnico podem ser reproduzidos pelos jogadores, afetando o ambiente e o desempenho da equipe. A psicologia do esporte atua também na orientação das equipes técnicas para que adotem posturas que promovam um ambiente saudável e produtivo.

A relevância da qualificação e do entendimento aprofundado em psicologia do esporte.

Um dos desafios enfrentados pela área é a formação dos profissionais. Muitas faculdades de Psicologia oferecem a disciplina de psicologia do esporte como optativa, o que limita o conhecimento dos futuros psicólogos sobre o tema. Por outro lado, cursos de Educação Física geralmente incluem essa disciplina como obrigatória, mas ainda de forma limitada.

Andréa Pesca e André Locce destacam a necessidade de formação complementar para quem deseja atuar nesse campo, além da importância de todos os profissionais do esporte, não apenas psicólogos, entenderem os fundamentos da psicologia aplicada ao esporte para melhor comunicação e trabalho interdisciplinar.

O Congresso Brasileiro e Internacional de Psicologia do Esporte e do Exercício (COMIP) 2024

O COMIP é o principal evento da área no Brasil, reunindo pesquisadores, profissionais e estudantes para debater temas atuais e relevantes da psicologia do esporte. Em 2024, o congresso acontecerá em Campinas, nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, e terá uma programação diversificada que inclui:

  • Cursos específicos sobre futebol e outras modalidades.
  • Palestras sobre transtornos do espectro autista no esporte, transtornos alimentares, lesões esportivas, psiquiatria e muito mais.
  • Apresentação de trabalhos científicos em quatro grandes temáticas: psicologia do esporte no alto rendimento, exercício físico e promoção da saúde, esporte e saúde mental e tecnologia na psicologia do esporte.
  • Participação de profissionais renomados, incluindo psicólogos do Comitê Olímpico e Paralímpico Brasileiro.

O evento é aberto a todos os interessados, sejam estudantes ou profissionais das ciências do esporte, incluindo fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, treinadores e preparadores físicos. O congresso promove a troca de conhecimento e o networking, fundamentais para o crescimento da área.

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A psicologia do esporte como peça chave para o futuro do futebol

O avanço da psicologia no futebol e no esporte em geral é evidente, mas ainda há muito caminho a percorrer. A integração entre psicólogos, educadores físicos, treinadores e demais profissionais é essencial para desenvolver atletas preparados não só fisicamente, mas mentalmente e emocionalmente.

Investir na psicologia do esporte significa investir na saúde, no desempenho e na longevidade da carreira dos atletas. Através de um trabalho interdisciplinar e fundamentado em ciência, é possível superar tabus, fortalecer equipes e transformar o ambiente esportivo.

Seja você um profissional do esporte, estudante ou entusiasta, acompanhar eventos como o COMIP e buscar conhecimento nessa área pode ser um diferencial para sua carreira e para a evolução do esporte no Brasil.

Por fim, a psicologia do esporte é uma ciência que vai da mente ao campo, impactando diretamente na vida dos atletas e no sucesso das equipes. É hora de desmistificar, valorizar e investir nessa área que só tende a crescer e trazer benefícios para o esporte brasileiro.

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