Os primeiros anos
Manoel Francisco dos Santos, mais conhecido como Mané Garrincha, nasceu em 28 de outubro de 1933, em Pau Grande, Magé, pequena cidade a cerca de 70 quilômetros do Rio de Janeiro. Ele veio de uma família humilde de 15 irmãos, e a origem do seu apelido “Garrincha” é bastante interessante. Garrincha era o nome de um pássaro que sua irmã pescava e, um dia, seu irmão o viu pegando o pássaro e resolveu chamá-lo de Garrincha.
Enquanto crescia, Garrincha passou a maior parte do tempo jogando futebol com amigos e times locais. Porém, um fato crucial que não pode ser esquecido é que seu pai era alcoólatra e Garrincha desenvolveu o gosto por bebidas alcoólicas desde muito jovem. Na verdade, seu pai até colocava um pouco de álcool em sua bebida, o que levou Garrincha à luta ao longo da vida contra o alcoolismo.
A ascensão ao estrelato
Em 1950, aos 16 anos, Garrincha ouviu no rádio a decepcionante derrota do Brasil na final contra o Uruguai, que deixou o estádio do Maracanã em silêncio. Nesse período, o jovem Garrincha fez testes em vários times, mas a torção nos joelhos fez com que todos pensassem que ele não seria um bom jogador. Porém, em 1953, foi para um teste no Botafogo e, apesar das limitações físicas, impressionou o clube com seu excepcional manejo de bola.
Garrincha foi então contratado pelo time profissional do Botafogo em 1953 e, embora o clube não tenha conquistado nenhum título no primeiro ano, suas atuações já chamavam a atenção. Em 1954, não foi convocado para a Copa do Mundo, mas em 1955, foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Apesar do insucesso do Botafogo nos anos seguintes, Garrincha continuou jogando em alto nível e, em 1957, finalmente ajudou o clube a conquistar o Campeonato Carioca, sendo eleito o melhor jogador do torneio.
Os triunfos da Copa do Mundo
Em 1958, Garrincha não foi inicialmente incluído na seleção brasileira para a Copa do Mundo, mas devido a uma lesão de outro jogador, foi convocado no último minuto. No início do torneio, ele e Pelé não eram titulares, mas no terceiro jogo já haviam se tornado as estrelas indiscutíveis do time. As atuações de Garrincha foram simplesmente excelentes e ele foi fundamental para o primeiro triunfo do Brasil em uma Copa do Mundo.
A fama de Garrincha disparou após a Copa do Mundo de 1958, mas ele não se sentiu totalmente confortável com a atenção. Ele preferia a simplicidade de sua vida em casa e achava a presença constante de fãs e da mídia um pouco opressora. Mesmo assim, continuou a se destacar em campo, ajudando o Botafogo a vencer o Torneio Pentagonal do México em 1958 e o Torneio Internacional da Colômbia em 1960.
O auge de sua carreira
O ano de 1962 foi o auge da carreira de Garrincha. Ele levou o Botafogo ao título do Campeonato Carioca, sendo eleito o melhor jogador do torneio. Na partida decisiva, o brilhantismo individual de Garrincha ficou à mostra ao marcar o gol inaugural e ajudar o Botafogo a conquistar o campeonato.
Na Copa do Mundo de 1962, Pelé se machucou logo cedo, deixando a responsabilidade sobre os ombros de Garrincha. Ele não decepcionou, apresentando uma demonstração espetacular de habilidade e criatividade. Muitos consideram o desempenho de Garrincha naquela Copa do Mundo ainda mais impressionante do que o de Diego Maradona em 1986. Ele terminou como o segundo maior artilheiro do torneio e foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo.
O declínio e o legado
Após a Copa do Mundo de 1962, a carreira de Garrincha começou a declinar devido a problemas recorrentes nos joelhos e à luta contínua contra o alcoolismo. Ele jogou por mais alguns clubes, incluindo Corinthians e Flamengo, mas seus melhores dias ficaram para trás. Em 1972, finalmente se aposentou do futebol profissional e, em 1973, disputou sua partida de despedida pela Seleção Brasileira.
Infelizmente, a vida de Garrincha depois do futebol foi marcada pela sua batalha contra o alcoolismo, que levou à sua morte prematura em 1983, aos 49 anos. No entanto, o seu legado como um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos permanece inalterado. Ao lado de Pelé, é considerado o melhor jogador de sua época, e seu estilo de jogo único, caracterizado por incríveis habilidades de drible e visão, deixou uma marca indelével na história do belo jogo.
A história de Garrincha é tanto de triunfo quanto de tragédia. Ele superou as limitações físicas para se tornar uma lenda do futebol, mas suas lutas pessoais contra o alcoolismo acabaram encurtando sua vida e carreira. Mesmo assim, seu impacto no esporte é inegável e seu nome ficará para sempre gravado nos anais da história do futebol brasileiro e mundial como um dos verdadeiros gênios do esporte.